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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Ao Chile numa moto - 16º dia

Acordamos cedo e descobrimos que o café da manhã atrasaria. Houve algum problema com o forno da padaria que trabalha para o hotel e não haveria entrega dos pães. Enquanto isso fomos lubrificar as motos e prender os baus. Voltamos para o hotel e nada dos pães. Vamos tomar só um copo de café mesmo e tá bom.

Enquanto tomávamos o café com leite, uma outra funcionária do hotel aparece com alguns pães amassados e croissant. Ótimo. Já dá para encarar os 760 km da volta.

Deixamos o hotel e seguimos forte em direção ao Brasil. Nenhuma novidade na estrada. Bem pavimentada, pedágio em alguns pontos, sem sustos, e com tempo bom.

Quando estávamos quase chegando na última cidade da Argentina, Paso de Los Libres fomos parados pela primeira vez pela polícia. Paramos nós três no acostamento e esperamos pelas instruções. Só a habilitação. Precisa ser a PID? Não só a habilitação. O policial olhou, tudo certo. Boa viagem.

Menos de 10 km depois fomos parados outra vez. Agora a farda do policial era diferente, não havia posto policial, apenas um cone no meio da pista e uma viatura parada no acostamento.
Desci já pegando a habilitação. Mas logo estava montando na moto de novo. O policial nem chegou a vir falar comigo ou com a moto de trás, o papo ficou somente com a primeira moto. Logo mais a frente quando paramos perguntei o que rolou. O policial já parou pedindo ajuda, um dinheirinho. O que nos salvou da propina foi dizer que estávamos terminando a viagem e que não tínhamos mais efectivo, viajávamos apenas com a tarjeta. Ele deve ter visto a minha câmera no guidão da moto e nem chegou a tentar o mesmo papo comigo, dispensou ali mesmo.

Mais alguns quilômetros e chegamos na aduana, na cidade Paso de los Libres. Deixamos as motos no estacionamento e apresentamos os passaportes e o documento da moto para vistoria. Passaportes novamente carimbados, tivemos que apresentar para uma outra fiscal na saída do prédio. Tudo certo. Voltamos as motos, atravessamos a ponte e estávamos de volta ao Brasil.

Dessa vez não precisamos buscar por hotéis, pois eu já havia reservado. Paramos as motos já dentro do estacionamento do hotel. Tomamos aquele banho e fomos mais que depressa buscar um restaurante com self service.


Uma pena que era domingo a noite e não havia muitos restaurantes naquela região. Mas encontramos um que servia a tão queria picanha na chapa, bem servida com uma guarnição de arroz, outra de salada, outra de maionese e uma de batatas fritas. Essa fartura toda por apenas 35 reais. Ah meu Brasil...

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Ao Chile numa moto - 15º dia

De acordo com a nossa rota, hoje seria o dia de seguir até Rio Quarto, mas como a nossa vontade de voltar logo para o Brasil era grande, seguimos mais além, até Villa Maria. Rodamos bem nesse dia, foram 620 km, com estradas boas, clima bom, desenvolvemos uma boa velocidade de cruzeiro e chegamos antes de anoitecer.

A velha rotina de buscar hotel. Os preços não justificavam a qualidade da cidade. Não estou desmerecendo, mas realmente não justificavam. Pagamos aproximadamente 250 reais num hotel simples, com um café da manha mais simples ainda e garagem separada.

Deixamos as motos no estacionamento, tomamos um banho e saímos em busca de um restaurante. Já não sei se era a vontade de chegar logo no Brasil, mas nada parecia me agradar. Acabei me atrapalhando no pedido do prato e tive que me contentar com um pedaço de frango com salada. Tudo bem, amanha estarei no Brasil e ataco uma picanha na chapa...

Voltamos para o hotel e decidimos que iriamos direto, dali para Uruguaiana. Para não passar o perrengue de ter que ficar buscando mais hotéis, fiz uma reserva via internet, estacionamento, café da manha, 120 reais. Ótimo.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Ao Chile numa moto - 14º dia

Saímos de Santiago ansiosos com a expectativa de passar por outro ponto bem desejado da viagem, os Caracoles, uma série de curvas no meio da Cordilheira, já na fronteira com a Argentina.

Ate chegar nos Caracoles, nossa viagem foi presenteada com uma bela vista da cordilheira, se aproximando a cada km, com seu topo todo branco de neve. Nessa hora bateu um arrependimento de não ter insistido na visita ao Valle Nevado, eu queria ver a neve mais de perto. Mas parece que vai ficar para uma próxima vez...

Passamos pela última cidade antes da fronteira, Los Andes, e começamos a subir a cordilheira. Logo mais chegam as curvas. Os Caracoles. Começamos a subida devagar, enfrentando cada curva com calma, sem precisar deitar a moto, aproveitando para apreciar o visual da montanha coberta de neve, bem pertinho. Foi tanta emoção que acabamos passando do ponto da foto com as curvas dos Caracoles e não conseguimos mais voltar... vamos ter que contentar apenas com o prazer de já ter feito aquele percurso e com as fotos de outas pessoas pela internet. Pelo menos um vídeo do trajeto eu consegui fazer.

Neve a vista

Numa das curvas dos caracoles

Após as curvas aparecem os túneis. Com o gelo derretendo e escorrendo por entre o teto. Em seguida passamos pelo primeiro ponto da aduana chilena, onde pegamos um papel, com um número, que indica o número de passageiros por veículo. Meu papel continha o número 2, só isso. Era tão sem graça que eu o chamei de papel de pão. Não subestime a importância desse papel de pão pela sua aparência, ele será carimbado por várias vezes logo mais a frente, e você vai precisar dele para entrar na Argentina.

Antes de chegar na aduana de fato, passamos por um local que me encheu de alegria, era neve, ali bem ao lado da rodovia. Muita neve. Paramos as motos e fomos, bem , eu, fui brincar.

Mais uma surpresa na viagem.

É estranho, é diferente. Está calor, mas a neve está ali, não derretia, ou não parecia derreter. Parecia ser firme, mas não era. Pisava e ela afundava, com um pouquinho de esforço dava até para deslizar. Tirei as luvas e peguei. Era fria, gelo mesmo. Mas se desfazia facilmente com o calor das mãos. Tentei fazer um boneco de neve, mas me faltou habilidade. Voltei a colocar as luvas, estava muito gelado. Com as luvas fazer bolas de neve é mais difícil, pois não há calor o suficiente para fazer que com os flocos derretam e se fixem.

Brinquei um pouco com a minha esposa, fizemos fotos e seguimos. Ainda tinha uma aduana para enfrentar. A saída do Chile acabou sendo em grande estilo.

Abrindo as asas em meio a neve.

Bem alto sim, mas sem puna.

Chegando na aduana, fila. Havia um grupo de motociclistas chilenos em nossa frente. Eles estavam indo apenas almoçar em Mendonza. Só quem é motociclista sabe como é enfrentar os tramites das estradas só para um passeio.

Alguns minutos aguardando e empurrando as motos e logo chegou a nossa vez. Deixamos as motos paradas ali mesmo na fila, mas já dentro do galpão e seguimos com a papelada em mãos para os guichês.

Apresentamos aquele formulário com os dados da moto e os outros dois com os dados dos passageiros que pegamos na entrada do Chile, e os passaportes. Ah, e o papel de pão.
Os formulários com os dados dos passageiros ficaram nesse primeiro tramite, o outro com os dados da moto e o papel de pão seguiram para o próximo. Mais carimbos, e agora estou apenas com o papel de pão, todo carimbado. Esse papel deverá ser apresentado a 15 km dali, para a polícia da Argentina.

Chegando na aduana Chilena/Argentina.

Nem ao menos olharam as motos, que ficaram laaaa na fila. Guardamos tudo de volta nos baus, deixamos o papel de pão para fácil acesso e seguimos.

15 km depois, lá estavam os policiais, que nem chegaram a pedir nada, só apresentamos o papel de pão e seguimos. Já estávamos de volta na Argentina.

Chegamos em Mendonza e fomos procurar hotel. Mais uma vez chegamos no dia de uma convenção, todos os hotéis lotados. Acabamos encontrando um que possuía um quarto com 3 camas, uma de casal e duas de solteiro. Serve.

Deveríamos ficar um dia a mais em Mendonza, para visitar alguma vinícula, passear e descansar. Mas a noite, quando saímos para jantar, dia de jogo, Brasil e Argentina, comemos uma pizza não tão boa, e a saudade bateu. Decidimos que dali mesmo voltaríamos para o Brasil, direto, bem rápido. A viagem terminou, hora de voltar.


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Ao Chile numa moto - 13º dia

Dessa vez o café da manhã foi mais robusto, mas nada que se compare ao do Brasil. Saímos do hotel com a ideia de conhecer mais Santiago. A ideia inicial era tentar ir ver a neve, em Valle Nevado, a aproximadamente 75 km do centro, mas desistimos, pois queríamos dar um descanso para as motos. Então seguimos a pé até um centro de informações turísticas e pegamos um mapa com indicações de lugares para visitar.

Seguimos de metro até a região de Bellavista, onde subimos de Funicular para o mirante do Santuario de la Inmaculada Concepción. Uma bela vista de toda a cidade, com a cordilheira e seu topo coberto de neve ao fundo.

Entrada do Finucular

Bela vista de Santiago com a Cordilheira ao fundo

De la seguimos por uma trilha no meio da mata até chegar no Parque de Las Esculturas, um museu ao ar livre, com belas obras contracenando com espaço urbano da grande cidade. Almoçamos por ali mesmo e seguimos a pé para o Parque Bicentenario, onde se encontra a enorme escultura La Busqueda. Voltamos a pé para o hotel e enfim descansamos. Naquela noite voltamos ao restaurante italiano para mais uma noite de massas, prontos para encarar o dia seguinte, o inicio da volta para casa.


Off Road a pé.

La Busqueda


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Ao Chile numa moto - 12º dia

Chegamos em Santiago por volta das 16h, horário local. Em tempo de levar as motos para a avenida Las Condes, onde podemos encontrar as concessionarias para uma manutenção básica. Troca de óleo para a Suzuki e a Honda e troca da pastilha traseira da minha Tiger.

Triumph Chile

O transito em Santiago é bem tenso. Motoristas nervosos, que buzinam por qualquer motivo, motos que passam em qualquer espaço disponível. Cruzamentos lotados a cada virada de sinal.

Assim que as motos foram liberadas das respectivas oficinas, seguimos para o centro da cidade, em busca de um hotel, já que naquela região já não havia mais vagas.

Chegar no centro com aquele transito foi complicado, mas chegamos com o dia ainda claro. Hospedamos num hotel caricato, com características de um barco da década de 90. O hotel foi construído em 1935, era antigo mas confortável. Com quartos grandes e aconchegantes.

Decidimos que ficaríamos um dia descansando na cidade. Naquela noite fugimos dos restaurantes típicos e jantamos uma boa massa, num restaurante italiano.

Voltamos para o hotel debaixo de uma fina chuva, um bom convite para uma ótima noite de sono.


Cap Ducal, navio ou hotel?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Ao Chile numa moto - 11º dia

Chegamos em La Serena ainda cedo. O trajeto foi curto, a paisagem de deserto começou a mudar e a vegetação foi aparecendo mais densa. O verde foi substituindo o bege, os ventos continuaram.
Buscamos pela orla da cidade e paramos as motos para começar a jornada de busca por hotéis. Havia uma convenção naquele dia e vários hotéis estavam ou cheios ou com os preços nas alturas. Enquanto eu estava pulando de hotel em hotel, os que estavam cuidando das motos foram abordados por um rapaz, oferecendo cabanas para pernoite.

Decidimos ver essa cabana e gostamos. Era diferente de todos os lugares onde pernoitamos até agora. Não havia desayuno, mas era espaçosa e aconchegante, e perto do mar. Ficamos por lá mesmo. Estacionamos as motos, arrumamos as bagagens e corremos para a orla, na esperança de poder enfim entrar de cabeça no Pacífico e ver o tão esperado por do sol no mar.

Cabana com sistema de massagem natural.

A praia era diferente, quase não havia areia, mas sim conchas, várias conchas. O mar estava calmo e ninguém se banhando, apenas alguns surfistas, o que me encorajou a entrar. Fui o único.

Mais conchas que areia.


Nublado, mas com clima bom.

Curiosamente, o mar aqui é menos salgado que o do Brasil. E a água não é tão fria quanto eu esperava. Foi um bom banho, merecido.

Missão cumprida.

Ainda tínhamos tempo até o pôr do sol, então fomos andar mais um pouco pela orla, buscando um lugar para comer. La Serena é grande, não conseguiríamos rodar por toda a orla, então decidimos voltar para um local mais perto da cabana e esperar pelo por do sol num restaurante lá perto, na orla mesmo.

Aguardando o mergulho.

Foi a primeira vez que comi carne de carneiro, já que as únicas opções eram o carneiro ou porco. Vamos de carneiro então. Do restaurante tínhamos uma bela vista do mar e do Sol, que descia quase livre das nuvens. O paredão continuava lá, mas dessa vez havia uma pequena brecha, onde talvez conseguíssemos ver pelo menos parte do sol mergulhando.

Foi por pouco, mas vimos.

Depois do espetáculo, nos despedimos do mar e voltamos para a cabana, com uma latinha de café solúvel e algumas galetitas para o café da manhã no dia seguinte.

Tomamos banho e quando nos preparávamos para dormi, sentimos algo estranho, parecia vir do mar, e logo em seguida tudo começou a tremer. Nosso primeiro tremor de verdade, já que o de Antofagasta foi na madrugada e eu achei que estava apenas passando mal.

A garrafa de água que compramos caiu da mesa, os capacetes que estavam amontoados se separaram aos poucos e quase cairam também. Todos ficamos assustados naquele momento. Mas logo passou e a euforia apareceu. Eu adorei ter sentido aquele tremor. Afinal, essa viagem era exatamente para isso, ter experiências que não temos no Brasil.

Susto passado, tiramos as coisas de lugares altos, e voltamos a dormir. Mas la veio aquela sensação estranha vindo do mar outra vez. Dessa vez mais forte e mais demorado. Só que agora estávamos “preparados”. Em vez de susto, eu senti ainda mais euforia. Já estávamos na cama quando o segundo tremor apareceu, e mesmo depois dele ter terminado, a cama continuou a chacoalhar. Mas dormimos.

Na madrugada ainda ocorreu um outro tremor, mas dessa vez não acordei. O cansaço havia tomado conta.


Acordamos, preparamos o café, prendemos os baús nas motos e seguimos para nossa ultima cidade no Chile, a capital Santiago.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Ao Chile numa moto - 10º dia

Enquanto tomávamos nosso desayuno, ouvimos comentários sobre o tremor que havia balançado o prédio naquela noite. Eu não percebi o tremor, mas acordamos no exato horário achando que estávamos passando mal por causa da comida da noite anterior. Só então descobrimos o motivo de todo aquele desconforto. Esse foi o primeiro tremor da viagem. Sim, teve mais.

Depois do café, saímos em busca da La Portada. Lá encontramos um outro grupo de motociclistas que vinham no sentido contrário, estavam indo para San Pedro de Atacama. Fizemos as fotos com a pedra furada e partimos em direção do ponto alto da viagem, a famosa Mão do Deserto.

Las motocas e La Portada.

Havíamos combinado de encontrar com o Coronel lá na Mão, mas demoramos mais do que o previsto e o baiano seguiu viagem solo, voltando a nos encontrar em Caldera.

No meio do deserto, um monumento surge ao fundo. Ela saúda os viajantes de longe, e convida para ser vista mais de perto.

Uma placa de “escultura” avisa aos desavisados sobre sua presença e indica o caminho para chegar mais perto.

Um pouquinho de off road e logo chegamos. Lá já havia um outro motociclista fazendo suas fotos, um Canadense em sua Triumph Tiger 800 XC. Ele estava percorrendo todo o litoral das Américas, e já estava quase concluindo sua jornada. Ofereci minhas habilidades de fotografo para fazer uma foto dele com a moto e a Mão de fundo, logo em seguida ele se despediu e continuou a viagem. Nós ficamos por lá, por bastante tempo até concluir todas as fotos que queríamos.

Foto obrigatória.

Essa também.

Depois de quase uma hora, foi nossa vez de despedir da Mão e continuar a viagem até nosso próximo destino, Caldera.

No meio do caminho paramos para remover o forro térmico das roupas de cordura, pois o calor estava demais.

Alguns quilômetros depois chegamos a pequena cidade de Caldera. Boa parte da viagem desse dia foi beirando o litoral, uma visão muito bela do pacífico, contrastando com todo aquele visual de deserto.

Brisando...

Caldera é uma cidade pequena, bem simples, de povo simples e bem-educado. Paramos nossas motos no centro da cidade e fomos em busca de um hotel. Encontramos vários hosteis familiares, mas ficamos num hotel padrão, que oferecia café da manhã e estacionamento, ao lado do mar. Como de praxe, tomamos um banho e fomos procurar um local para jantar.

Encontramos uma lanchonete com um bom preço e ficamos por lá mesmo. Enquanto devorávamos uma pizza, o Coronel Motta Lima reaparece e nos mostra suas fotos com a Mão do Deserto. Dessa vez nos despedimos de verdade, pois dali ele seguiria mais ao sul do Chile, enquanto nós ficaríamos em La Serena, nossa última pousada antes de despedir do Pacífico.

Terceiro reencontro com o Coronel.

Em Caldera não pudemos aproveitar do oceano, nem mesmo ver o pôr do sol. O paredão de nuvens continuava la, firme, impedindo o mergulho do sol. E a praia da cidade não nos convidou ao banho.


Voltamos para o hotel e fomos dormir para o dia seguinte.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Ao Chile numa moto - 9º dia

Saímos de San Pedro em direção a cidade de Antofagasta, nosso primeiro contato com o oceano Pacífico. A beleza da estrada continuou. O deserto é lindo, a paisagem é fora do comum, nada parecido com o que temos no Brasil.

Deserto pra que te quero.

Passamos por uma tempestade de areia causada por algum tipo de obra ao lado da rodovia e piorada pelos fortes ventos do deserto. Deixou as lentes das câmeras impraticáveis e só fomos perceber ao chegar no pacífico.

Esfoliação forçada.

Nossa chegada em Antofagasta foi ainda cedo, pudemos parar na orla e fazer as primeiras fotos daquele oceano ainda desconhecido por nós. Ver as pessoas tomando sol completamente vestidos foi estranho. A areia é grossa e escura. Ainda não arriscamos nos banhar ali, afinal estávamos de botas e precisávamos procurar um hotel.

Primeiro contato com o Pacífico.

Que não se parece tão pacífico assim...

Acabamos ficando no Ibis, com uma boa estrutura e a um quarteirão da praia. Descarregamos as bagagens, tomamos um bom banho e fomos procurar o pôr do sol no oceano, coisa que não temos no Brasil, já que toda a nossa costa está ao leste, onde o sol nasce.

Percorremos um bom trecho da orla, conhecendo um pouco mais da grande cidade de Antofagasta. Achamos um pedaço de praia bem parecido com as que temos no Brasil, lá as pessoas já se banhavam mais livremente, com trajes de banho, guarda-sóis, etc. Mas ainda sim não arriscamos, o sol já estava se pondo e o frio estava apertando. Também não foi dessa vez que vimos o sol mergulhar no mar, já que havia um grande paredão de nuvens ao fundo, impedindo nossa visão do pôr do sol.

Água do mar e um pedacinho da Cordilheira.

Agora sim, primeiro contato físico com o Pacífico.


Voltamos para o hotel em busca de uma 'cena' e lá voltamos a encontrar o Coronel Motta Lima. Ele nos deu uma dica valiosa que quase deixaríamos passar. Na entrada da cidade, para quem vem do litoral, há um ponto turístico, chamado La Portada. Uma espécie de pedra furada no meio do mar. No dia seguinte combinamos de ir visitar esse ponto e de lá seguir viagem até Caldera, passando pela tão esperada Mão do Deserto. 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Ao Chile numa moto - 8º dia

Acordamos às 4h, tomamos o desayuno previamente preparado pelo dono do hotel e fomos para a porta aguardar o Carlos chegar com a van.
Subimos a uma altitude de aproximadamente 4300 metros, num frio de – 9.6°C. Foi a primeira vez que experimentei uma temperatura abaixo do 0. Dessa vez fomos bem agasalhados. Eu vesti praticamente todas as minhas roupas, mais a roupa de cordura que utilizo ao pilotar, uma balaclava, touca e luvas. Não passei frio.

Quase frio...

Os gêisers não jorram água a uma altura considerável, mas o vapor , esse sim , vai bem alto.

Ninjas

No local há uma piscina natural, de água quente onde os mais corajosos se aventuram. Eu adoro água, não podia ficar de fora. Assim que me despi e fiquei só de sunga para encarar a água, não senti tanto frio, acho que era a expectativa que me aquecia. Assim que entrei na água fiquei totalmente relaxado, a sensação da água quente e ver todo mundo do lado de fora parecendo um grupo de esquimós era estranha. Não parecia que dividíamos o mesmo espaço.
Percebi que a maioria dos que se atreviam a entrar na água eram europeus. O ponto mais disputado da piscina era no começo dela, por onde a água chegava, bem mais quente que na parte mais funda. Por lá, a temperatura era tão alta que eu mal conseguia ficar parado ou tocar o chão, todo em pedras, quase fervendo. Decidi ficar no meio, onde a temperatura era mais agradável.

Piscina aquecida naturalmente.

Sair da piscina foi mais complicado que entrar, ali o choque térmico foi grande. Rapidamente me sequei e vesti todas as camadas de roupas que tinha, exceto a de cordura, já não fazia tanto frio como quando chegamos.

Tomamos um café da manhã por ali mesmo e depois seguimos para ver outros gêisers, alguns com força para jogar água por quase 2 metros de altura.

Geisers de todo tipo.

Nosso guia nos contou que a alguns meses, uma turista faleceu ao cair numa das fontes de água quente enquanto fazia fotos do local. Hoje temos pedras delimitando os locais seguros por onde podemos passar, sem correr o mesmo risco.

Saímos da região dos gêisers e seguimos até o povoado de Machuca, uma vila antiga de criadores de Lhamas, como chegamos tarde, não tivemos a oportunidade de provar um espetinho de carne de Lhama.

Machuca

Voltamos para o hotel, e fomos buscar um local para almoçar. Descansamos e já nos preparamos para o último passeio, a visita a Laguna Cejar.

Encontramos com o Carlos na porta da ‘oficina’ e de lá partimos para a Laguna Cejar, no meio do Salar do Atacama. Sua concentração de sal é tão intensa que o nível de flutuação é maior que o do Mar Morto. Localizado a apenas 20 km de San Pedro e praticamente na mesma altitude, o clima é agradável, não faz frio, e o convite ao banho é inevitável.

A dica do Carlos foi somente essa, não mergulhe, não molhe a cabeça. Há tanto sal na água que você se sente petrificado ao sair da água. Não queria nem imaginar uma gota daquela água caindo em meus olhos. A força que a água faz ao te empurrar para cima é enorme. Não dá para afundar. Ainda bem, porque a profundidade da lagoa é desconhecida. Só tenha cuidado com a câmera, essa afunda com facilidade.

Boiando sem esforço.

Saímos do banho na Laguna e corremos para tirar o sal com água doce, gelada, disponível ao lado dos banheiros que há no local. Por mais que tentamos, o sal não sai fácil, tiramos o que deu, trocamos a roupa de baixo e voltamos a nos agasalhar, pois o vento quando começa, traz com ele aquela sensação térmica de muito frio.

Seguimos então para os Ojos del Salar. Duas lagoas de água doce que do alto se parece com olhos no meio do Salar do Atacama. É possível se banhar por lá também, mas não arriscamos. Tiramos algumas fotos no meio do Salar e continuamos até a Laguna Tebinquiche, onde pudemos ver o por do sol acompanhado de uns snacks e suco, ou Pisco Sour, para os que sentem saudades da caipirinha brasileira.

Um dos ojos...

Aguardando mais um por do Sol.

Com esse passeio terminamos nossa aventura por San Pedro de Atacama. Por lá encontramos vários outros motociclistas brasileiros, incluindo os paulistas que conhecemos em Campo Mourão. Esse grupo me disse que só iriam até ali. Não chegariam nem mesmo a seguir até a Mão do Deserto. Voltariam pelo mesmo caminho da vinda, com um pequeno desvio até a entrada da Bolívia.

Um outro motociclista que conhecemos foi o Coronel Motta Lima, um conterrâneo, de Salvador, que estava viajando sozinho em sua Yamaha Super Tenere 1200cc. Voltaríamos a encontrar o Motta em Antofagasta, e em Caldera, onde nos despediríamos e continuaríamos os contatos apenas por WhatsApp, pois ele iria mais ao sul do Chile, sem datas para retorno ao Brasil.

Conterrâneo Coronel Motta Lima.

Também fizemos amizade com um casal dinamarquês, o George e a Lene, que estão cruzando o Chile e a Argentina de carro.

O simpático casal Dinamarquês, George e Lene.


A noite no hotel foi para reorganizar as coisas dentro dos baus e voltar a rotina da estrada, despedindo das belezas de San Pedro, mas continuando a percorrer o grande Atacama.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Ao Chile numa moto - 7º dia

O dia hoje começou cedo. Como sairíamos antes do início do desayuno do hotel, eu pedi para o proprietário se havia a possibilidade dele adiantar um café, ele disse que não tinha como, já que as padarias não abririam tão cedo. Ele então preparou um pequeno lanche, e deixou em nosso quarto, na noite anterior. Essa é uma prática comum nos hotéis por lá, mas você deve avisar com antecedência, se não fica sem.
A van do Carlos veio nos buscar na porta do hotel, alguns minutos depois do horário combinado. De lá seguimos para a reserva nacional dos Flamingos. Pudemos observar vários deles, se alimentando, numa espécie de dancinha, para fazer o alimento se soltar do fundo do lago e ficar mais fácil para a coleta. De lá seguimos para as Piedras Rojas, numa altitude de aproximadamente 4000 metros, o frio impera. Nem tanto pela temperatura ambiente, mas pela sensação térmica, já que venta muito. Fomos bem agasalhados, mas nem tanto, passamos muito frio. Nada que atrapalhasse vislumbrar a beleza do local.

Flamingos flamingando...

e voando...

No caminho tivemos o prazer de encontrar com a bela fauna do deserto, muitas aves, alguns mamíferos, Vicunas, Lhamas, uma espécie de roedor que se parece com um coelho e até mesmo uma raposa.

Vicunhas...

...Vizcachas...

e vi raposa.

Depois de visitar Piedras Rojas, almoçamos num pequeno restaurante, que estava incluso quando contratamos o passeio, e de lá partimos para as Lagunas Altiplanticas. São duas lagunas, de um azul intenso. A Laguna Minique e a Laguna Miscanti

Piedras Rojas


Lagunas Altiplanticas


Terminado os passeios, retornamos ao hotel, saímos para jantar e tratamos de descansar, no dia seguinte acordaríamos bem cedo, rumo aos geisers.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Ao Chile numa moto - 6º dia

No primeiro dia de descanso em San Pedro, fomos buscar por uma casa de câmbio ou um caixa eletrônico, pois até o momento não tínhamos nada em peso Chileno. Como as taxas das casas de câmbio estavam muito ruins, optamos por sacar dinheiro direto do caixa eletrônico. Com 'efectivo' em mãos, fomos atrás das empresas de turismo. San Pedro é famosa por oferecer diversos passeios pela região, que podem ser feitos de modo particular, mas estávamos em busca de sossego, a aventura fica por conta da viagem em si.
Fizemos um orçamento com várias empresas e acabamos fechando o contrato com uma meio termo, nem a mais cara nem a mais barata.
Já tinha uma ideia de quais passeios faria, isso agilizou o processo de pesquisa. Os passeios ficaram divididos da seguinte forma:
Dia 1 – a tarde, passeio ao Valle de La Luna, com visita ao Valle de la Muerte. A noite, tour astronômico.
Dia 2 – Passeio Piedras Rojas, um passeio que inclui visita as Lagunas altiplanicas, a Reserva Nacional dos Flamingos.
Dia 3 – manhã, Geisers del Tatio, passando pelo povoado de Machuca, com vista para o vulcão Putana. Tarde, Laguna Cejar.

Com os passeios contratados, fomos procurar um restaurante e conhecer um pouco da cidade. San Pedro é uma cidade pequena, com ruas não pavimentadas, seus imoveis não podem ultrapassar uma certa altura e todos devem ter as cores branca ou marrom. A maioria da população é de turistas, do mundo todo. Encontramos muitos brasileiros, inclusive trabalhando com turismo, muitos europeus, e muitos chilenos, que eram maioria no nosso grupo de passeios.

Avenida Caracoles

Voltamos para o hotel para nos preparamos para o primeiro passeio, ao Valle de La Luna. Como o passeio era a tarde, o ponto de encontro foi na porta da 'oficina', onde contratamos os tours. Foi lá que conhecemos o Carlos, nosso guia.
O Valle de La Luna fica bem próximo da cidade de San Pedro. Tem um visual realmente “extraterrestre”. Não se vê vegetação, é tudo pedra, ou melhor, é tudo sal. Antes de chegar ao Valle de La Luna, nosso guia, Carlos, nos levou ao Valle de La Muerte, onde temos uma visão de diferentes formações rochosas ao fundo, e também ao imponente vulcão Licancabur, que pode ser visto praticamente de qualquer lugar da região.

Vale de la Muerte

Saindo do Valle de La Muerte, seguimos para um local bastante frequentado, a pedra do Coiote. Um ótimo local para fotos, numa pedra quase suspensa, um precipício logo abaixo deixa as fotos com um ar cinematográfico.

Não olhe para baixo...

Chegamos então no Valle de La Luna. Recomenda-se não levar mochilas ou outros objetos que dificulte sua movimentação, pois passamos por uma espécie de caverna, bem apertada e que exige um certo preparo físico para ser desbravada. Há pontos em que é preciso rastejar para continuar seguindo. Claustrofóbicos, sugiro que evitem essa parte do passeio. Saindo da caverna, brincamos um pouco de escalada e concluímos o Valle de La Luna, partindo para ver o pôr do sol no alto de um morro.

Paredes de sal

A subida a esse morro também exige um pouco de preparo físico, ou algumas paradas para descanso. Lembre-se que você não está no nível do mar, e o oxigênio as vezes some. A vista compensa a malhação. De lá podemos ver toda a beleza do Valle. Um pequeno salar, um anfiteatro, o vulcão Licancabur, e boa parte das cordilheiras. É interessante ver tudo aquilo ir mudando de cor, de acordo com a posição do sol.

Aguardando o por do Sol.

Voltamos do passeio e fomos descansar para o próximo. O tour astronômico era um passeio que eu fazia questão de contratar. Sou um astrônomo amador, adoro observar o céu, e aquela região é uma das melhores do mundo para isso. Seguimos de ônibus para uma região mais afastada do centro de San Pedro, para fugir da poluição luminosa e ter uma visão mais clara do céu.
Ao chegar fomos recepcionados por um casal, os donos da casa, tivemos uma breve explicação do universo e então partimos para a observação de fato. Lá haviam 2 telescópios e um binóculo, mas o legal mesmo era ver a olho nu. Vários “fireballs” cruzando o céu do Atacama, uma quantidade enorme de estrelas, a via lactea se impondo no meio do céu. Como minha máquina não tem um bom ajuste do tempo de exposição, não pude fazer nenhum registro.

Frio nas estrelas.

Chegamos já tarde no hotel e fomos dormir para poder aproveitar o passeio do dia seguinte.